domingo, 31 de outubro de 2010

Inimiga do tempo



Volto o relógio apenas tentando adiar o fim.
Adianto o relógio na ilusão de passar batida por qualquer desespero e agonia que possa existir nesse pequeno espaço de tempo que existe entre o começo e o fim. O fim da vida.
Eu tentei, eu me arrisquei me joguei de cabeça em todos os abismos que encontrei, mas algo me diz que tudo isso foi em vão!
Tenho medo de relógios, tenho medo de não atingir o limite, o limite de toda minha sabedoria ainda pouco explorada. Tenho muita coisa pra viver, pra curtir, ainda tenho muita força guardada aqui em algum lugar, só não sei onde.
Os sonhos são tão ingratos, o relógio desperta às 06h00min e lá se vai toda uma vida perfeita só existente em sonhos. Odeio relógios. Odeio horas.
Eu vivo assim, num mundo completamente anti-horário. Sou meio autista, gosto de ficar só, num lugar silencioso.
Detesto com todas as forças os tic tacs do relógio. Um som tão agonizante, perturbador, capaz de deixar qualquer ser humano a beira de um ataque.
Pra que contar os minutos, pra que esperar pela vida perfeita diante de um tic TAC ilusório? Por que depender disso tudo?
O começo do meu mundo está prestes a chegar, estou ansiosa por este momento, conto as horas, os minutos e os segundos a cada tic tac do relógio doentio da parede da minha sala. Talvez seja esse o motivo do meu ódio por horas, a espera nos torna louca.